A campanha do Setembro Amarelo foi criada em 2015 para conscientizar os brasileiros sobre a prevenção ao suicídio e é um desdobramento da campanha mundial celebrada em 10 de setembro. A iniciativa é do Centro de Valorização da Vida (CVV) em conjunto com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

As causas do suicídio são variadas e, segundo o CVV, especialistas identificam transtornos mentais na maior parte das pessoas que se suicidam ou que tentam fazê-lo. Dentre os principais transtornos observados, destacam-se a depressão na forma simples, a depressão na forma bipolar, a dependência química e a esquizofrenia.

Com a pandemia, o aumento no número de pessoas que procuram os serviços de saúde mental ou apoio psicossocial foi agravado pela interrupção ou redução dos atendimentos dessa área. Segundo Dr. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), “o isolamento social, o medo de contágio e a perda de membros da família são agravados pelo sofrimento causado pela perda de renda e, muitas vezes, de emprego”.

Neste artigo, abordo a importância da escola, do professor e das famílias sobre a atenção que devem ter em relação à saúde mental das crianças e jovens.

No Brasil, a cada 45 minutos uma pessoa comete suicídio e o número de suicídios entre adolescentes cresceu 24% nos últimos anos.

Neste momento, em que todos estão isolados em seus lares, o papel da escola é menos abrangente, uma vez que os alunos não estão presencialmente no ambiente escolar e fica difícil ter ações mais efetivas na prevenção da saúde mental, porém o olhar atento e empático, mesmo a distância, pode fazer a diferença. A escola, neste período de isolamento, continua sendo um importante espaço virtual de convivência dos estudantes sendo, muitas vezes, a única oportunidade de interação com outras crianças e adolescentes.

Saliento a importância da atenção dos professores, em momentos on-line, não somente em relação aos conteúdos, mas também aos comportamentos dos alunos que podem demonstrar, em alguns casos, indícios de que algo não está bem: ausências frequentes, falta de entrega das tarefas, diminuição do rendimento escolar, comportamentos inadequados com instabilidade emocional, semblantes tristes e apáticos, dificuldades de concentração, irritabilidade, inquietação, nervosismo e ansiedade.

Além dos alunos, os profissionais também estão sofrendo com a pandemia e, para isso, é importante que o gestor tenha um olhar perspicaz a todos que fazem parte do ambiente escolar, proporcionando momentos de conversas remotas e atenção às necessidades individuais, tendo oportunidade de avaliar e melhorar o clima organizacional. Uma escola que está atenta aos seus alunos e aos seus profissionais, acolhendo-os com empatia frente às mudanças comportamentais, pode contribuir com a preservação de vidas.

É importante, também, que as pessoas busquem momentos de práticas atencionais e meditativas que podem trazer conforto, reflexão e consciência imediata para um momento mais difícil, equilibrando as emoções e podendo se estender à comunidade escolar, como uma ferramenta de regulação emocional, compaixão e empatia, minimizando assim os sofrimentos humanos.

Que tal aproveitar este momento inusitado que estamos passando e propor em sua Instituição de Ensino um projeto coletivo para serem trabalhadas as competências socioemocionais, em consonância com os conteúdos programáticos, e trazer subsídios para que cada vez mais possamos ajudar nossas crianças e jovens a preservarem a saúde física, mental e emocional?

Outra excelente oportunidade para colaborar com a saúde mental das crianças e jovens é convidar as famílias para participarem da pesquisa e monitoramento da saúde mental realizada pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) sobre o comportamento e as emoções das crianças e dos jovens: http://www.jovensnapandemia.com.br.

Juntos somos melhores!