Diante da incerteza quanto ao retorno às aulas presenciais, mantenedores e diretores de Instituições de Ensino devem se preocupar em elaborar seu próprio protocolo de segurança para esse reinício e, efetivamente, prepararem-se com medidas que deverão ser tomadas em função da atual pandemia do coronavírus que alterou a rotina escolar dos alunos e profissionais.
Com o propósito de contribuir com as Instituições de Ensino, a KP Consultoria e Assessoria Educacional elencou diretrizes para o retorno às aulas presenciais, apoiadas em materiais divulgados pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação, pelas Associações Médicas e Educacionais do Estado de São Paulo, pelas Secretarias de Educação dos Estados, além das inúmeras discussões promovidas por especialistas e órgãos governamentais.
A reabertura das Instituições de Ensino deve ser avaliada de forma ampla para garantir que os profissionais tenham condições seguras para exercerem suas funções e que os alunos retomem a aprendizagem e o vínculo com a comunidade escolar da maneira mais segura possível, de modo a preservar a saúde física e emocional tanto dos profissionais quanto dos alunos, após o longo período de interrupção das atividades regulares.
As estratégias devem considerar as legislações de ensino, as medidas provisórias, as normativas oficiais para o retorno às aulas presenciais e as normas de segurança sanitária, tendo como referências os seguintes passos:
- Definição das normas de segurança sanitária para os ambientes escolares.
- Necessidade de readequação dos espaços e aquisição de materiais necessários.
- Medidas de orientação e de rotinas da Instituição, alternativas para o eventual rodízio dos alunos e o distanciamento social.
- Comunicação direcionada aos pais para conscientizar da importância das medidas adotadas e fortalecer os vínculos entre Instituição, famílias e alunos.
- Medidas para o acolhimento dos profissionais e alunos na retomada às aulas presenciais.
- Estruturação da avaliação diagnóstica e recuperação da aprendizagem dos alunos ao retornarem, para posterior prosseguimento do conteúdo curricular.
- Revisão do calendário escolar.
Segurança sanitária e readequação dos espaços
Acesso às dependências da Instituição e estruturação dos espaços:
- Medir a temperatura de todos que forem entrar – seguir as orientações médicas quanto ao bloqueio para entrada.
- Colocar tapetes sanitizantes para limpeza dos calçados antes de adentrar.
- Instalar dispenser de álcool gel para higienização das mãos na entrada, nas salas de aula e nos diversos pontos de circulação e espaços comuns da Instituição.
- Reorganização de todos os espaços escolares, contemplando as medidas necessárias à segurança sanitária.
- Higienizar todos os pertences dos profissionais e alunos no momento do ingresso à Instituição.
- Orientar profissionais e alunos quanto à obrigatoriedade do uso de máscaras durante todo período de permanência na Instituição.
- Estabelecer e sinalizar rotas para que os alunos mantenham distância entre si, garantindo o distanciamento seguro durante a circulação.
- Fixar cartazes informativos, na entrada da Instituição, nas salas de aula e em pontos estratégicos, contendo medidas de prevenção e higienização das mãos e objetos, em linguagem acessível a todos os alunos e profissionais.
- Instalar lavatórios e pias com dispensers de sabonete líquido, suporte com papel toalha e lixeira com tampa e acionamento por pedal.
- Avaliar a possibilidade de utilizar múltiplas entradas da Instituição e dividir os alunos de acordo com a proximidade das salas de aula, evitando aglomerações.
- Organizar os espaços destinados aos alunos para que estejam sempre a pelo menos um metro de distância dos outros.
- Garantir que os ambientes estejam bem arejados, especialmente as salas de aula, mantendo janelas e portas abertas e utilizando ventiladores se necessário. Suspender o uso de ar condicionado.
- Evitar a entrada de pessoas externas ao processo educativo. Caso não seja possível, essas pessoas somente deverão ter acesso de forma segura, usando máscaras e evitando qualquer contato com os alunos.
Medidas emergenciais:
- Manter professores e funcionários administrativos, que pertencem a grupos de risco, afastados das atividades presenciais, reorganizando-os em alguma das modalidades remotas possíveis.
- Desativar bebedouros com disparo para boca.
- Cancelar atividades em grupos de alunos.
- Suspender atividades que envolvam coletividade, como jogos, competições, festas, reuniões e comemorações.
- Reduzir o número de alunos por sala, considerada a metragem quadrada de espaço individual, bem como o número de professores, no mesmo horário, na Sala dos Professores.
- Restringir a interação dos alunos apenas a colegas que estejam na mesma sala, ficando proibida a interação de alunos de diferentes turmas.
- Priorizar o uso de materiais descartáveis, atentando-se para o devido descarte.
- Estabelecer sinalização nos corredores, definindo uma direção prioritária de tráfego a partir de filas únicas, para que se cumpram as normas e se mantenha a distância mínima durante a movimentação de pessoas.
- Promover a demarcação dos vários espaços físicos da Instituição, de forma a garantir o distanciamento social.
- Fazer escalas para que os alunos entrem em diferentes horários, evitando aglomerações na hora da entrada e saída da Instituição.
- Escalonar as turmas para evitar aglomerações nos intervalos de aulas, de lanche e de refeições.
- Disponibilizar máscaras individuais e desinfetantes para as mãos à base de álcool.
- Separar uma sala ou uma área para isolar alunos e profissionais que apresentem sintomas na Instituição, até que possam voltar para casa.
- Reduzir aglomeração na enfermaria ou no setor da Instituição responsável por receber os alunos doentes. Não atender no mesmo espaço pessoas com sintomas respiratórios e os demais casos de primeiros socorros.
- Escalonar o uso do refeitório entre as classes, para minimizar filas e movimentação de alunos nos espaços escolares (corredores, pátios etc).
- Proibir esportes de contato e atividades que envolvam troca de objetos entre os alunos (atividades de Artes devem ser feitas com material individual descartável ou que possa ser desinfectado regularmente).
- Proibir o compartilhamento de material entre os alunos. Proibir materiais didáticos que sejam manuseados por vários alunos ao mesmo tempo, a não ser que eles possam ser limpos e desinfectados ao serem passados de um aluno para o outro.
Orientações e medidas de controle:
- Comunicar imediatamente à autoridade local quando ocorrer um caso suspeito ou confirmado de contaminação.
- Criar e estabelecer um sistema de comunicação com a comunidade escolar para repassar informações e reforçar as orientações de higiene e distanciamento social.
- Realizar treinamento de todos os profissionais da Instituição (administrativos, professores, pessoal de limpeza) para a implementação de práticas de higiene, distanciamento físico e identificação dos sinais e sintomas.
- Dar treinamento específico para as equipes de limpeza, de modo a realizar a desinfecção dos ambientes, sempre usando Equipamento de Proteção Individual (EPI).
- Implantar rotinas de higienização e desinfecção dos espaços escolares e de seus acessos (maçanetas das portas, corrimões das escadas, metais sanitários etc).
- Manter as portas abertas nos horários de entrada e saída de salas para evitar pontos de contato (maçanetas, por exemplo).
- Recomendar que profissionais e alunos levem máscaras extras para realizar a troca a cada 3 horas ou sempre que necessário.
- Orientar os profissionais e os alunos quanto à troca de máscaras, descarte e/ou acondicionamento e fiscalizar, diariamente, o uso obrigatório de máscaras por todos os membros da Instituição de Ensino durante todo período.
- Controlar a temperatura de profissionais e alunos durante o período, se necessário.
- Orientar profissionais e alunos a lavarem as mãos com frequência e a redobrarem os cuidados depois de irem ao banheiro, antes e depois de comer, antes de tocar o rosto e depois de tossir ou espirrar. Essa limpeza também poderá ser feita com álcool gel. Como medida de higiene, todos devem ser instruídos sobre a etiqueta respiratória (protocolos para tossir e espirrar).
- Orientar os alunos a não trocarem objetos pessoais e a utilizarem garrafinhas de água individuais.
- Estabelecer o revezamento dos horários de entrada, saída, intervalos, alimentação e demais deslocamentos coletivos dos alunos no ambiente escolar.
- Manter distância mínima durante a entrada e saída do refeitório ou cantina, e durante a distribuição das refeições. Adaptar a gestão de equipamentos coletivos (pratos e talheres, por exemplo) para limitar o contato entre pessoas e proibir o uso de micro-ondas coletivos.
- Orientar e supervisionar o recebimento e armazenamento adequado de alimentos trazidos de casa (limpeza da embalagem antes do armazenamento).
- Reduzir, nos transportes escolares, o número de alunos por veículo e adotar os mesmos protocolos de desinfecção, distanciamento e uso de máscaras adotados nos demais espaços escolares.
- Reservar um ambiente para isolamento imediato de qualquer pessoa que apresente os sintomas característicos de contaminação. A pessoa e seus familiares devem ser orientados a seguirem os procedimentos indicados pelas autoridades de saúde pública. O retorno estará condicionado à apresentação de laudo médico.
Comunicação com as famílias
- Informar os pais, com pelo menos uma semana de antecedência, quando a Instituição de Ensino vai reabrir e quais serão os procedimentos adotados caso seja identificado um caso de COVID-19 na Instituição.
- Orientar sobre a nova política de chegada e saída dos alunos e sobre o possível escalonamento de horários.
- Reforçar aos pais os protocolos de higiene e distanciamento social e solicitar que instruam seus filhos sobre eles.
- Orientar os pais a monitorarem o aparecimento de sintomas de COVID-19 em seus filhos, bem como a realizarem, se possível, a medição diária de temperatura antes de levá-los para a Instituição. Em caso de aparecimento de sintomas, os pais devem comunicar prontamente a Instituição e não enviar os alunos. O mesmo se aplica caso o aluno apresente febre.
- Verificar junto aos pais se existem alunos que se enquadram nos grupos de risco. Caso positivo, o aluno deve continuar em ensino remoto emergencial, retornando às aulas presenciais somente após liberação médica.
- Estabelecer protocolo de comunicação com os pais quando o aluno apresentar sintomas na Instituição e precisar voltar para casa, inclusive se utilizarem transporte escolar contratado pelo pais.
- Orientar os pais sobre o uso do uniforme somente para a Instituição, trocando-o imediatamente ao chegar em casa, evitando ir com o aluno a outros locais com o uniforme.
- Solicitar aos pais que orientem seus filhos sobre os cuidados de higiene e de armazenamento dos alimentos e bebidas trazidos de casa, não os compartilhando com os colegas de classe.
A acolhida no retorno
- Promover momentos de escuta dos profissionais da Instituição para que estados emocionais, perdas e contextos pessoais possam ser externados. É fundamental que gestores, professores e equipe administrativa estejam psicologicamente preparados e fortalecidos para receber os alunos.
- Elaborar protocolos que guiem as intervenções de apoio psicológico e acolhimento emocional dos alunos e das famílias.
- Orientar que os professores promovam momentos em que os alunos possam compartilhar entre si seus sentimentos e pensamentos diante da situação epidêmica, e garantir que seu estado emocional seja respeitado.
- Priorizar e intensificar o trabalho em torno das competências socioemocionais preconizadas na BNCC.
Medidas pedagógicas
- Ampliação da jornada diária.
- Planejar a reposição de aulas, utilizando sábados letivos e/ou turnos alternativos.
- Prorrogação dos calendários de atividades para o período de recesso ou para o ano seguinte.
- Reorganizar o calendário escolar, visando garantir os objetivos de aprendizagem previstos nos planejamentos de ensino.
- Aplicar avaliação diagnóstica do nível de aprendizado dos alunos.
- Implantar um programa de recuperação da aprendizagem, com ênfase em estratégias pedagógicas que minimizem as defasagens de aprendizado acentuadas durante a pandemia.
- Realizar acompanhamento frequente do nível de aprendizado desses alunos, preferencialmente, a partir de pequenos grupos, de modo que os professores tenham maior facilidade em personalizar e customizar as atividades de acordo com as necessidades individuais de cada aluno.
- Analisar os resultados das avaliações diagnósticas, identificar as diferentes necessidades dos alunos e buscar estratégias para dirimir as dificuldades apresentadas.
Outras medidas a serem adotadas
- Monitorar e analisar o absenteísmo de alunos e de profissionais.
- Contatar os pais dos alunos que não retornarem à Instituição para verificar os motivos.
- Detectar eventual falta de engajamento dos alunos e buscar estratégias de reversão.
- Avaliar as demandas relacionadas ao rodízio dos alunos e a necessidade de nova formação de turmas.
- Considerar a necessidade de contratação temporária de profissionais.
- Propiciar apoio psicossocial a alunos e profissionais.
- Elaborar roteiro de contingência em caso de nova suspensão.
- Aprimorar as ferramentas tecnológicas que permitam reuniões virtuais dos professores com a equipe pedagógica, visando à manutenção das ações educacionais.
- Promover treinamento contínuo dos alunos e professores nas plataformas tecnológicas para continuidade do processo pedagógico.
- Entregar materiais pedagógicos impressos para alunos que não tenham acesso à internet.
Trata-se de um assunto complexo e que demanda constante aprimoramento e estudo por várias equipes multidisciplinares de modo a minimizar possíveis impactos na rotina da Instituição. Nosso time de consultores está sempre à sua disposição para auxiliar na gestão e no gerenciamento de sua Instituição de Ensino.